Sheikh Hasina, ex-primeira-ministra de Bangladesh, é condenada à morte
A ex-primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, foi condenada à morte por um tribunal em Daca devido a crimes contra a humanidade. A decisão, tomada em 17 de novembro de 2025, é resultado de uma investigação sobre a repressão violenta que ocorreu durante os protestos que culminaram na sua queda em 2024. Aos 78 anos, Hasina foi considerada culpada de ordenar ações que resultaram na morte de mais de 450 pessoas, incluindo assassinatos e o uso de força letal contra manifestantes.
Contexto da condenação
A investigação que levou à condenação de Hasina teve início após a morte de um manifestante em um protesto realizado pela polícia. Durante seu tempo no poder, ela foi uma figura controversa, reconhecida por promover o crescimento econômico, mas também criticada por suas políticas autoritárias e violações de direitos humanos. A repressão a vozes dissidentes e a prisão em massa de opositores políticos foram características marcantes de seu governo, que durou por 20 anos em dois mandatos.
Revolta popular e queda do governo
Os protestos que levaram à queda de Sheikh Hasina começaram em julho de 2024, inicialmente liderados por estudantes que exigiam mudanças nas cotas de empregos do serviço público. Com o aumento da insatisfação popular, as manifestações rapidamente se transformaram em tumultos que exigiam a renúncia da primeira-ministra. A resposta do governo foi brutal, com ações policiais que resultaram em condenação internacional devido ao uso excessivo da força.
Em agosto de 2024, quando os manifestantes invadiram sua residência oficial em Daca, Hasina fuga para a Índia em um helicóptero, onde permanece em exílio desde então. O tribunal de Daca a julgou à revelia, uma vez que ela não compareceu ao processo, acusando-o de ser politicamente motivado e manipulativo.
Repercussões da condenação
O juiz Golam Mortuza Mozumder, que presidiu o tribunal, afirmou que “todos os elementos constitutivos de um crime contra a humanidade estão presentes” e que a pena de morte era a única sanção adequada para os crimes cometidos. Este veredicto marca um momento significativo na história política de Bangladesh, um país que, apesar de seu crescimento econômico, ainda enfrenta sérios desafios em relação à democracia e aos direitos humanos.
A figura de Sheikh Hasina
Sheikh Hasina é filha de um dos líderes da independência de Bangladesh, e sua trajetória política é marcada por um renascimento econômico significativo no país, que foi considerado “um caso perdido” por figuras como o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger. No entanto, seu governo também foi marcado por controvérsias, incluindo alegações de corrupção e abusos de direitos humanos. Durante seu último mandato, que começou em janeiro de 2024, ela venceu uma eleição amplamente criticada por ser manipulada, o que levou à intensificação das tensões políticas no país.
Expectativas futuras
Com a condenação de Hasina, a situação política em Bangladesh se torna ainda mais instável. O país, que abriga mais de 170 milhões de habitantes, se prepara para as próximas eleições legislativas em três meses, e a decisão do tribunal é um fator crucial que pode influenciar o clima político. A mobilização policial em Daca, especialmente nas proximidades do tribunal, demonstra a preocupação das autoridades com a possibilidade de novas manifestações e distúrbios sociais.
Reflexões sobre a justiça e os direitos humanos
A condenação de Sheikh Hasina levanta questões importantes sobre a justiça e os direitos humanos em Bangladesh. A comunidade internacional observa atentamente as repercussões desse veredicto e as possíveis consequências para o futuro político do país. A luta pela democracia e pelos direitos humanos continua a ser um tema central na agenda política de Bangladesh, e a história de Sheikh Hasina é um reflexo das complexidades que envolvem a governança e a luta pela liberdade no país.