Quarenta por Cento dos Profissionais da Saúde Sofrem com Burnout

Estudo Revela Alta Taxa de Depressão e Burnout Entre Profissionais da Saúde

Um recente levantamento realizado pelo Observatório da Saúde do Trabalhador, em parceria com a Fiocruz, revelou que entre 30% e 40% dos profissionais da saúde no Brasil apresentam sintomas significativos de depressão, ansiedade e burnout. Os dados foram apresentados durante um seminário na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) e geraram preocupação entre especialistas e autoridades do setor.

O Impacto do Adoecimento Mental

Além dos índices alarmantes de adoecimento mental, a pesquisa também indicou que mais de 70% dos profissionais da saúde relatam altos níveis de estresse ocupacional e exaustão emocional. Os principais fatores que contribuem para esse cenário incluem:

  • Longas jornadas de trabalho;
  • Falta de suporte institucional;
  • Agressões físicas e verbais;
  • Pressão por resultados e produtividade.

O grupo afetado por essas condições inclui enfermeiros, médicos, agentes comunitários, psicólogos, farmacêuticos, técnicos e gestores. O seminário, promovido pela Comissão de Saúde da Alesc, teve como objetivo expandir o debate sobre o adoecimento mental entre esses profissionais e propor a criação de políticas de proteção e valorização.

Consequências para o Sistema de Saúde

De acordo com o deputado Neodi Saretta (PT), presidente da Comissão de Saúde, o adoecimento dos profissionais da saúde impacta negativamente a rede de atendimento. A diminuição da qualidade e da oferta de serviços é um reflexo direto da saúde mental comprometida desses trabalhadores. Saretta enfatiza a necessidade de:

  • Criação de ambientes de trabalho saudáveis e seguros;
  • Valorização profissional;
  • Apoio psicológico contínuo;
  • Dimensionamento adequado das equipes;
  • Implementação de políticas públicas eficazes.

Ele ressalta que cuidar da saúde mental não é apenas uma obrigação, mas uma necessidade tanto do Estado quanto da sociedade.

A Síndrome de Burnout e Seus Efeitos

A deputada Ana Paula Lima (PT), enfermeira de formação, abordou a síndrome de burnout, um fenômeno reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e que afeta significativamente os profissionais de saúde. Segundo ela, os dados não são meras estatísticas, mas um alerta urgente sobre as consequências da sobrecarga de trabalho, falta de profissionais, ambientes laborais inadequados e jornadas extenuantes.

A pressão por resultados, combinada com a ética e moral questionáveis, contribui para um quadro preocupante de adoecimento mental. Lima destaca a urgência de ações que abordem esses problemas de forma eficaz e abrangente.

Iniciativas e Soluções Propostas

Durante o seminário, autoridades de diversas entidades do setor da saúde se reuniram para discutir estratégias de enfrentamento desse cenário. Janaína Henrique, representante do Conselho Regional de Psicologia (CRP-SC), lembrou que Santa Catarina ocupa o quarto lugar em afastamentos do trabalho por questões de saúde. Ela enfatizou o compromisso do CRP em:

  • Desenvolver estratégias de apoio à saúde mental dos trabalhadores;
  • Defender a ampliação das equipes para a redução da sobrecarga;
  • Investir na formação e capacitação de gestores;
  • Sensibilizar a população sobre a importância do tema;
  • Fortalecer a segurança institucional.

A presidente da Associação Brasileira de Enfermagem de Santa Catarina (ABEn-SC), Jussara Guiartini, também destacou a necessidade de discutir a violência contra os profissionais da saúde, que tem se tornado cada vez mais frequente e alarmante.

Roberto Eduardo Schneider, representante da Superintendência do Ministério da Saúde no Estado, reconheceu a gravidade do problema e a importância de buscar soluções em conjunto. Ele enfatizou que os dados sobre o aumento dos transtornos de saúde mental, especialmente após a pandemia, reforçam a necessidade de um debate profundo e colaborativo sobre o tema.

Conclusão

O estudo apresentado e o seminário realizado em Santa Catarina revelam a urgência de se abordar a saúde mental dos profissionais da saúde. A adoção de políticas efetivas e a promoção de um ambiente de trabalho mais saudável são essenciais para garantir não apenas o bem-estar desses profissionais, mas também a qualidade dos serviços prestados à população.