Itaú demite 2 mil funcionários por baixa produtividade em home office

Itaú Anuncia Demissões em Massa Após Avaliação de Produtividade no Home Office

Recentemente, o Itaú Unibanco tomou a polêmica decisão de demitir cerca de mil funcionários, após uma análise crítica da produtividade em regime de home office. Inicialmente, a instituição financeira havia planejado desligar quase 2 mil colaboradores, com base em um monitoramento que durou quatro meses, revelando resultados considerados insatisfatórios.

Monitoramento de Produtividade

Conforme reportado por fontes da mídia, como a Folha de S. Paulo, a instituição utilizou softwares de monitoramento, como o xOne, para coletar dados sobre a performance dos trabalhadores. Esse sistema registra métricas como o tempo de login, períodos de inatividade, a utilização de sistemas corporativos e o acesso a sites específicos definidos pelo empregador.

Após a análise dos dados coletados pelo xOne e a comparação com os registros de ponto eletrônico, o banco identificou o que considerava ser inconsistências significativas entre o saldo positivo do banco de horas e a jornada efetivamente trabalhada. Em um comunicado interno acessado pela Folha, o Itaú destacou que, em alguns casos críticos, os colaboradores apresentaram apenas 20% de atividade digital em um dia, mas ainda assim registraram horas extras sem justificativa plausível.

Reação do Banco e Justificativas das Demissões

Em sua comunicação interna, o Itaú enfatizou que atitudes como essas prejudicam o ambiente de trabalho, desgastando as relações profissionais e comprometendo a colaboração entre os membros da equipe. Um levantamento inicial identificou cerca de 2 mil colaboradores que estavam com a performance considerada insatisfatória, e os gestores foram responsáveis por justificar a situação de aproximadamente metade desses nomes.

Os gestores alegaram que a natureza de alguns trabalhos não exige o uso contínuo do computador, ou que os colaboradores poderiam estar utilizando outras máquinas, ou ainda enfrentando problemas de saúde. Apesar de não serem desligados, muitos desses trabalhadores receberam advertências, enquanto os demais foram dispensados independentemente de seu desempenho anterior, o que gerou descontentamento entre os demitidos, alguns dos quais haviam cumprido metas e recebido promoções.

Impacto das Demissões

Os desligamentos afetaram cerca de 1,75% da força de trabalho do Itaú, que conta com aproximadamente 95 mil funcionários. A medida gerou um debate acalorado entre os colaboradores e a diretoria do banco. Em entrevistas, alguns dos demitidos relataram que não estavam com demandas atrasadas e que sempre comunicavam seus superiores sobre sua disponibilidade para novos serviços.

Entretanto, as respostas recebidas indicavam que era necessário aguardar a inserção de novas demandas no sistema, o que levantou questões sobre a transparência e a comunicação entre a gestão e os colaboradores. Essa situação gerou um clima de insegurança e desconfiança, afetando a moral dentro da instituição.

Legalidade do Monitoramento

Advogados especializados em direito trabalhista comentaram que a fiscalização do teletrabalho é legal, desde que esteja prevista em contrato e amplamente comunicada aos colaboradores. A advogada Carla Felgueiras, por exemplo, ressaltou que o monitoramento deve respeitar o direito à privacidade e à intimidade dos trabalhadores, sendo que tudo aquilo que diz respeito ao trabalho pode ser monitorado, desde que os funcionários sejam informados de maneira clara e transparente.

Resposta do Itaú

Em resposta às críticas, o Itaú afirmou que as demissões foram resultado de uma revisão criteriosa das condutas relacionadas ao trabalho remoto e ao registro de jornada. Segundo a instituição, foram identificados padrões que não estavam alinhados com os princípios de confiança que o banco considera inegociáveis. Essa postura, segundo o banco, é parte de uma gestão responsável e visa preservar a cultura organizacional e a relação de confiança estabelecida com clientes, colaboradores e a sociedade.

Reações do Sindicato e Críticas ao Processo

O Sindicato dos Bancários criticou severamente a decisão do Itaú, alegando que as demissões ocorreram sem a devida advertência prévia e sem um diálogo construtivo com a categoria. O sindicato afirmou que a maneira como os desligamentos foram conduzidos representa um claro desrespeito aos direitos dos trabalhadores e à relação entre a instituição e o movimento sindical.

Maikon Azzi, diretor do sindicato e funcionário do Itaú, destacou que a decisão de demitir com base em registros de inatividade nas máquinas corporativas é questionável, pois não leva em consideração a complexidade do trabalho bancário remoto, falhas técnicas, questões de saúde ou sobrecarga de trabalho. O sindicato também mencionou que não houve oportunidade para os colaboradores se defenderem ou corrigirem suas condutas.

Além disso, o sindicato informou que já entrou em contato com a diretoria do Itaú para solicitar esclarecimentos sobre o processo de demissões e expressou a intenção de reivindicar a reposição das vagas afetadas.

Considerações Finais

A situação no Itaú Unibanco levanta questões importantes sobre a gestão do trabalho remoto e os direitos dos trabalhadores em um cenário em constante mudança. A transparência nas comunicações e a construção de uma cultura de confiança entre empregador e empregado são fundamentais para evitar conflitos e garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo. As consequências das ações do banco serão observadas de perto, tanto por seus colaboradores quanto pelo mercado em geral.