Infartos Agudos do Miocárdio Têm Alta de 70,8% em Planos

Crescimento Alarmante dos Casos de Infarto Agudo do Miocárdio no Brasil

As doenças cardiovasculares permanecem como a principal causa de morte no Brasil, contribuindo para aproximadamente 400 mil óbitos anualmente. Dentro deste contexto, o infarto agudo do miocárdio (IAM) é a condição mais crítica, sendo responsável por quase 25% das mortes relacionadas a doenças do aparelho circulatório. Um estudo recente do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), intitulado Tendências do Infarto Agudo do Miocárdio na Saúde Suplementar, foi elaborado em celebração ao Dia Mundial do Coração, que ocorre em 29 de setembro. Este levantamento aponta um aumento de 70,8% nos casos de IAM entre beneficiários de planos de saúde, entre 2015 e 2024, passando de 9,2 mil para 15,5 mil registros no setor.

Esse crescimento representa uma elevação de 20,5 para 35,1 casos de IAM por 100 mil beneficiários. O ano de 2023 registrou um número recorde de 19,2 mil casos absolutos, resultando em 44,1 por 100 mil beneficiários. Embora os dados se concentrem na saúde suplementar, que abrange cerca de 25% da população brasileira (aproximadamente 52 milhões de pessoas), eles refletem uma tendência alarmante de agravamento das doenças cardiovasculares que afeta a saúde pública em geral.

Aumento da Carga Assistencial e Necessidade de Prevenção

A média de casos por prestador da rede assistencial cresceu de 4,94 em 2015 para 6,75 em 2024, um aumento de 36,6%. Essa evolução indica uma maior carga assistencial e a concentração dos atendimentos em determinados serviços de saúde. Diante desse cenário, o estudo enfatiza que é imprescindível implementar estratégias preventivas mais eficazes, tais como:

  • Programas de prevenção primária: Iniciativas intensivas focadas na redução dos fatores de risco cardiovascular.
  • Monitoramento contínuo: Acompanhamento da evolução dos fatores de risco entre os beneficiários dos planos de saúde.
  • Políticas de incentivo: Promoção de hábitos saudáveis e mudanças comportamentais sustentáveis.

José Cechin, superintendente executivo do IESS, observa que “os números mostram um crescimento consistente e preocupante dos casos de infarto na saúde suplementar. Isso evidencia a necessidade de uma atuação mais firme na prevenção, especialmente no acompanhamento sistemático dos fatores de risco”.

Fatores Contribuintes para o Crescimento dos Casos de IAM

O estudo identifica diversos fatores que contribuem para o aumento dos casos de infarto agudo do miocárdio:

  • Persistência de fatores de risco: A obesidade, hipertensão, sedentarismo e síndrome metabólica continuam em ascensão, afetando negativamente a saúde cardiovascular da população.
  • Mudanças recentes: O período entre 2020 e 2023 apresentou o maior crescimento acumulado de casos, em grande parte devido à pandemia de COVID-19, que alterou os padrões de busca por atendimento médico.
  • Diferenças por sexo: Os homens mostraram taxas de infarto 2 a 2,5 vezes superiores às das mulheres durante todo o período analisado.
  • Aumento entre os jovens: Mesmo entre a população jovem, embora em números menores, também foi observado um crescimento nos casos registrados.

Além disso, o envelhecimento populacional é um fator significativo. Cechin ressalta que indivíduos com 60 anos ou mais têm até 57 vezes mais chances de sofrer um infarto em comparação àqueles com menos de 40 anos. Embora o impacto atual do envelhecimento seja menos pronunciado, a tendência é que se torne cada vez mais relevante no médio e longo prazo.

“O processo de envelhecimento da população brasileira está acelerando o volume de episódios de IAM, a menos que se invista em prevenção. Os sistemas de saúde têm a capacidade de promover iniciativas de prevenção para toda a sociedade brasileira”, enfatiza Cechin.

Conclusão

Diante do aumento alarmante dos casos de infarto agudo do miocárdio, é crucial que medidas de prevenção sejam implementadas com urgência. A conscientização sobre os fatores de risco e a promoção de estilos de vida saudáveis devem ser priorizadas, não apenas entre os beneficiários de planos de saúde, mas em toda a população. A responsabilidade pela saúde cardiovascular é coletiva, e somente através de esforços conjuntos será possível reverter essa tendência preocupante e salvar vidas.