Estudo revela cinco tipos distintos de sono e suas implicações
Um novo estudo, publicado em 7 de outubro na revista PLOS Biology, trouxe à luz a existência de cinco perfis distintos de sono, cada um associado a diferentes padrões de humor, saúde física, desempenho cognitivo e atividade cerebral. Essas descobertas são significativas, pois ajudam a explicar a variedade de distúrbios do sono e indicam que o tratamento dessas condições pode necessitar de abordagens mais personalizadas.
A pesquisa, liderada por um grupo de especialistas, analisou dados de mais de 700 adultos saudáveis, com idades variando entre 22 e 36 anos. Os pesquisadores consideraram não apenas a duração do sono, mas também diversos fatores, como bem-estar emocional, estilo de vida, saúde física e desempenho cognitivo. Além disso, foram utilizados exames de imagem cerebral, permitindo uma compreensão mais abrangente das interações entre o sono e o funcionamento do corpo e da mente.
Os resultados mostraram que as pessoas variam não apenas na quantidade de sono que obtêm, mas também na qualidade percebida do descanso e na forma como esse descanso se relaciona com suas emoções, níveis de estresse e padrões cerebrais. A partir dessa análise, os pesquisadores identificaram cinco categorias principais de sono.
Tipos de Sono Identificados
1. Sono Ruim e Sofrimento Psicológico (LC1)
O primeiro grupo abrange indivíduos que enfrentam dificuldades para adormecer ou permanecer dormindo. Essas pessoas frequentemente acordam se sentindo cansadas e apresentam níveis elevados de fadiga durante o dia. Além disso, foram observados índices mais altos de ansiedade e depressão. Esse perfil indica uma conexão direta entre a insatisfação com o sono e a saúde mental, sugerindo que distúrbios do sono podem exacerbar problemas emocionais.
2. Sono Normal Apesar do Estresse Emocional (LC2)
O segundo tipo é caracterizado por pessoas que, apesar de relatar sintomas de estresse ou humor deprimido, mantêm um padrão de sono relativamente normal. Os pesquisadores definiram isso como “resiliência do sono”, uma habilidade que permite enfrentar desafios psicológicos sem que a qualidade do descanso seja significativamente afetada. Essa resiliência pode ser um fator protetivo importante para a saúde mental.
3. Uso Frequente de Medicamentos para Dormir (LC3)
Os participantes deste grupo relataram boa saúde física e uma vida social equilibrada, mas dependem constantemente de medicamentos para induzir o sono. Embora considerem seu descanso satisfatório, os testes realizados revelaram que essa prática pode resultar em leves prejuízos na memória e na consciência emocional, evidenciando possíveis efeitos colaterais associados ao uso prolongado de medicamentos para dormir.
4. Sono Curto e Impacto Cognitivo (LC4)
O quarto perfil é marcado pela curta duração do sono, geralmente menos de seis ou sete horas por noite. Mesmo que essas pessoas não percebam imediatamente as consequências de dormir pouco, os testes mostraram um desempenho inferior em atividades que exigem atenção e memória. Esses achados reforçam a evidência de que a privação do sono pode prejudicar a função cognitiva, tanto a curto quanto a longo prazo.
5. Sono Fragmentado e Distúrbios Respiratórios (LC5)
O quinto grupo inclui aqueles que têm um sono interrompido ou fragmentado, acordando várias vezes durante a noite ou apresentando dificuldades respiratórias. Esses indivíduos são mais propensos a desenvolver sintomas de ansiedade e a utilizar substâncias, além de apresentar um desempenho cognitivo inferior. Esse padrão reflete o impacto de distúrbios como a apneia do sono sobre a saúde física e mental.
Como Identificar Seu Tipo de Sono
Compreender esses perfis pode ser benéfico tanto para profissionais de saúde quanto para o público em geral, permitindo que as pessoas reconheçam padrões pessoais e busquem intervenções adequadas. Por exemplo, uma pessoa que sente ansiedade e tem dificuldade para dormir pode se identificar com o perfil LC1. Por outro lado, quem dorme bem, mas enfrenta estresse emocional, pode se aproximar do LC2. Aqueles que dependem de medicamentos para dormir podem se enquadrar no LC3, enquanto os que dormem pouco podem se identificar com o LC4. Finalmente, quem frequentemente acorda durante a noite ou ronca pode estar no LC5.
Mais do que simplesmente classificar comportamentos, o estudo aponta para uma compreensão mais ampla do sono, não apenas como uma necessidade biológica, mas também como um reflexo direto do equilíbrio entre corpo, mente e estilo de vida. A conscientização sobre esses diferentes tipos de sono pode ajudar as pessoas a melhorarem sua qualidade de vida e saúde geral.