A Desigualdade no Brasil: Uma Realidade Preocupante
A desigualdade social é um tema recorrente e preocupante no Brasil, onde uma pesquisa recente revelou que três em cada quatro brasileiros acreditam que o país é extremamente desigual. Este levantamento, conduzido pelo Observatório Fundação Itaú, com apoio técnico da Plano CDE e do Datafolha, entrevistou 2.787 pessoas em junho de 2025 e trouxe à tona dados alarmantes sobre a percepção da população em relação às disparidades sociais.
Percepção Geral da Desigualdade
De acordo com a pesquisa, impressionantes 77% da população brasileira reconhecem a existência de uma alta desigualdade no país. A percepção é ainda mais acentuada entre determinados grupos, como as mulheres, que apresentaram uma taxa de 82% de concordância com essa afirmação. Além disso, a percepção de desigualdade é mais prevalente entre pessoas mais velhas, com 80% a 81% desse grupo expressando preocupações sobre a desigualdade social. Aqueles com menor escolaridade também relataram uma percepção significativa dessa questão.
Causas da Desigualdade
A pesquisa, intitulada “Percepções sobre as desigualdades no Brasil”, utilizou uma combinação de métodos qualitativos e quantitativos para compreender como os brasileiros vivenciam e interpretam as desigualdades estruturais. Entre as principais causas identificadas pelos entrevistados, destacam-se a ausência de políticas públicas, citada por 24% dos participantes, e a má gestão governamental, mencionada por 18%. Outros fatores relevantes que contribuem para a desigualdade incluem a corrupção, o desemprego e a má distribuição de renda.
Desigualdade em Grupos Específicos
Além da percepção geral sobre a desigualdade, a pesquisa revelou que mais da metade dos entrevistados acredita que pessoas brancas têm maior acesso a oportunidades, como boas escolas, serviços de saúde de qualidade e empregos bem remunerados. A desigualdade de gênero também foi evidenciada, com 55% dos participantes afirmando que homens têm mais oportunidades no mercado de trabalho do que mulheres. Ademais, 70% dos entrevistados afirmaram que moradores de grandes centros urbanos têm mais acesso a serviços e infraestrutura do que aqueles que vivem em áreas rurais ou periferias.
Experiências de Discriminação
Outro dado alarmante revelado pela pesquisa é que 30% dos brasileiros já se sentiram discriminados em algum momento, sendo que as principais formas de discriminação estão ligadas à condição social, religião, gênero e raça. A pesquisa também apontou que a sensação de respeito é significativamente menor em ambientes digitais e educacionais, particularmente entre indivíduos negros e aqueles oriundos de classes sociais mais baixas.
Depoimentos de entrevistados refletem a gravidade da situação. Uma mulher do Rio de Janeiro descreveu a desigualdade como algo “gritante” e afirmou que “a desigualdade, para mim, é algo devastador, que encerra qualquer oportunidade de ser feliz de uma pessoa”. Um homem da Classe B em Belém também compartilhou sua perspectiva, caracterizando a desigualdade como “uma briga constante de poder”, onde o governo falha em atender às necessidades da população que enfrenta problemas como desemprego, falta de educação, saúde precária e carência de saneamento básico.
Resultados Adicionais da Pesquisa
Além dos pontos já abordados, a pesquisa trouxe outros resultados relevantes. Por exemplo, 6 em cada 10 entrevistados relataram ter começado a trabalhar antes dos 18 anos, o que pode indicar a necessidade de contribuir para a renda familiar desde cedo. Além disso, 57% dos participantes concordaram que o acesso à cultura é mais fácil para as classes sociais mais altas, evidenciando uma barreira adicional para a inclusão social.
Outro dado importante é que a internet foi identificada como o espaço com a menor percepção de respeito, refletindo um ambiente digital que pode ser hostil para muitos. Por fim, cerca de 50% dos entrevistados afirmaram que as políticas públicas raramente priorizam pessoas em situação de vulnerabilidade.
Pontos Positivos e Esperança para o Futuro
Apesar dos desafios significativos apresentados, um dado positivo emergiu do estudo: 80% dos brasileiros acreditam que possuem uma vida melhor do que a geração anterior. Além disso, 84% dos entrevistados afirmaram ter recebido uma educação superior à de seus pais. A educação é vista como o principal caminho para a diminuição das desigualdades, com 79% dos participantes concordando que investir em educação pública é essencial para reduzir a discrepância de renda entre ricos e pobres.
Esses dados ressaltam a importância de um debate contínuo sobre a desigualdade no Brasil, com o objetivo de promover mudanças significativas e necessárias para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.