Caminhar diariamente pode atrasar o surgimento do Alzheimer
Realizar caminhadas diárias pode ser uma das práticas mais benéficas para a saúde mental, especialmente no que diz respeito à prevenção do Alzheimer. Um estudo recente publicado na Nature Medicine revelou uma significativa correlação entre a atividade física regular e um declínio cognitivo mais lento em idosos. Esta pesquisa focou em como o exercício físico pode contribuir para um aparecimento tardio dos sintomas da doença de Alzheimer em indivíduos considerados cognitivamente saudáveis no início do estudo.
Importância da atividade física
Os pesquisadores, oriundos de diversas instituições médicas nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, descobriram que mesmo um número moderado de passos diários pode resultar em um prolongamento significativo no tempo antes que a demência comece a impactar a vida do paciente. Os resultados sugerem que mudanças simples nos hábitos diários, como incorporar caminhadas, podem ter um efeito positivo na saúde cerebral, mesmo para aqueles que têm um estilo de vida predominantemente sedentário.
Descobertas do estudo
No decorrer da pesquisa, 296 idosos que não apresentavam prejuízo cognitivo no início do acompanhamento, que se estendeu por até 14 anos, foram analisados. Os pesquisadores observaram uma clara correlação entre um maior número de passos por dia e uma desaceleração no declínio da capacidade cognitiva. Os participantes tiveram suas atividades diárias monitoradas através de pedômetros, enquanto marcadores cerebrais associados ao Alzheimer foram avaliados por meio de exames de imagem. Além disso, testes cognitivos e funcionais foram realizados anualmente para determinar os impactos práticos da doença.
Os resultados mostraram que um nível mais elevado de atividade física estava associado a uma acumulação mais lenta de proteína tau no cérebro, uma substância que está intimamente ligada ao desenvolvimento dos sintomas do Alzheimer. Portanto, caminhar pode ser um fator de proteção importante contra a degeneração cognitiva.
Quantos passos são suficientes?
O estudo revelou que mesmo níveis baixos de atividade física, como caminhar entre 3.001 e 5.000 passos por dia, já podem resultar em um acúmulo mais lento da proteína tau e em um declínio cognitivo menos acentuado. Esse número é considerado relativamente fácil de atingir na rotina diária. Melhores resultados foram observados à medida que o número de passos aumentava, alcançando um platô entre 5.001 e 7.500 passos, que é considerado um nível de atividade moderada.
Além dos benefícios para a saúde cognitiva, diversas pesquisas ao redor do mundo têm demonstrado que caminhar regularmente está associado a uma série de vantagens para a saúde em geral, incluindo a redução do risco de doenças cardíacas, diabetes e obesidade. A caminhada é uma forma acessível de atividade física que pode ser facilmente incorporada ao dia a dia.
Limitações do estudo
Apesar dos resultados encorajadores, algumas limitações devem ser consideradas. A pesquisa foi realizada com uma população de indivíduos altamente escolarizados, predominantemente brancos e sem alguns fatores de risco vascular, o que pode dificultar a generalização dos resultados para grupos com perfis diferentes. Além disso, o estudo foi de natureza observacional, sem ensaios randomizados que pudessem estabelecer uma relação de causa e efeito entre o aumento da atividade física e a desaceleração do declínio cognitivo.
Os pesquisadores também reconhecem a dificuldade em eliminar completamente a causalidade reversa — a possibilidade de que indivíduos com problemas cognitivos caminhem menos, ao invés de melhorar sua situação cognitiva por meio da caminhada. Assim, mais estudos são necessários para aprofundar a compreensão de como a atividade física pode ajudar a adiar o Alzheimer.
Em resumo, não há dúvidas de que caminhar regularmente é benéfico para a saúde do cérebro e pode ser uma estratégia valiosa na luta contra o Alzheimer e outras formas de demência. Incorporar essa prática simples na rotina diária pode ajudar a preservar a memória e a função cognitiva à medida que envelhecemos.