Câncer de Mama: 1 em 5 Mulheres Recusa Ajuda por Medo

Câncer de mama: Uma a cada cinco mulheres recusa ajuda com medo de incomodar

O câncer de mama é uma realidade que afeta milhares de mulheres anualmente. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), mais de 73 mil mulheres são diagnosticadas com a doença no Brasil a cada ano. Apesar da gravidade deste quadro, uma pesquisa recente revelou que uma em cada cinco pacientes com câncer de mama (18%) já recusou ajuda durante o tratamento. O motivo predominante para essa recusa é o medo de sobrecarregar os outros, uma preocupação que afeta significativamente a saúde emocional e mental das pacientes.

Motivos para a recusa de ajuda

Entre as mulheres que se sentiram à vontade para compartilhar suas experiências, 65% citaram o medo de sobrecarregar amigos e familiares como o principal motivo para não solicitar apoio. Além disso, 47% das entrevistadas acreditam que devem lidar com a situação sozinhas. Outros motivos que contribuem para essa recusa incluem:

  • Vergonha e constrangimento: 40% das pacientes sentem-se envergonhadas ao pedir ajuda.
  • Sensação de incompreensão: 30% relatam a impressão de que ninguém poderia entender sua situação.
  • Percepção de solidão: 21% sentem que não têm ninguém a quem recorrer.

Esses dados foram coletados em um estudo que envolveu 241 mulheres, onde 52% ainda estavam em tratamento e 48% já haviam concluído suas terapias. A falta de apoio emocional pode intensificar a sensação de vulnerabilidade, fazendo com que muitas pacientes se sintam isoladas em sua jornada.

Dificuldades emocionais durante o tratamento

As dificuldades emocionais são um desafio significativo para as pacientes. A pesquisa revelou que muitas sentem a falta de apoio psicológico durante o tratamento. Quatro em cada dez mulheres expressaram que precisavam de um espaço para compartilhar experiências com outras mulheres que enfrentam o mesmo diagnóstico. A falta de alguém para conversar sobre medos e preocupações é uma realidade para muitas, e a necessidade de consultas com profissionais de saúde mental é frequentemente ignorada.

Embora a maioria das pacientes tenha relatado um acolhimento positivo por parte dos profissionais de saúde, existem áreas que necessitam de melhorias. As queixas mais comuns incluem a falta de clareza em relação a exames e tratamentos (36%) e a falta de atenção às dúvidas e preocupações das pacientes. Além disso, um quarto das mulheres sentiu que suas opiniões e decisões não foram consideradas ao longo do tratamento.

Impactos financeiros e profissionais

Os desafios financeiros também são uma realidade para muitas mulheres diagnosticadas com câncer de mama. Quase metade das entrevistadas (48%) enfrentaram dificuldades para acessar benefícios previdenciários e para pagar medicamentos ou exames que não eram cobertos pelos planos de saúde. Além disso, arcar com custos de transporte, alimentação e despesas básicas se tornou um fardo para quatro em cada dez pacientes.

Em relação ao trabalho, 72% das mulheres estavam empregadas quando receberam o diagnóstico, sendo 52% em empregos formais. O ambiente de trabalho, que poderia ser um suporte durante o tratamento, muitas vezes se transforma em uma fonte de estresse. Dois terços das entrevistadas acreditam que ter a opção de trabalhar remotamente ou em horários flexíveis poderia ter facilitado a conciliação entre o tratamento e a vida profissional. Muitas relataram sentir a necessidade de políticas de trabalho mais humanas, que levem em consideração a saúde das funcionárias.

A importância da rede de apoio

As atividades diárias, que antes eram realizadas sem dificuldades, podem se tornar um verdadeiro desafio durante o tratamento contra o câncer. Quatro em cada dez mulheres relataram dificuldades em manter a casa em ordem, enquanto 35% sentiram a falta de apoio para preparar refeições. O suporte de parceiros e filhos é essencial, com 60% das pacientes contando com a ajuda da família nesse momento delicado.

Em uma pesquisa adicional sobre a perspectiva dos cuidadores, ficou evidente que o apoio emocional é um aspecto fundamental. Entre os 600 cuidadores entrevistados, a maioria se sentiu sobrecarregada e com dificuldades para equilibrar suas próprias necessidades com as de quem estava enfrentando a doença. A necessidade de informações sobre como lidar com essa situação foi uma das principais queixas, evidenciando a importância de uma rede de apoio bem estruturada.

Conclusão

O câncer de mama não é apenas uma batalha física; é uma luta que envolve aspectos emocionais, financeiros e sociais. A recusa de ajuda, motivada por medos e inseguranças, pode agravar o sofrimento das pacientes. Portanto, é crucial promover uma cultura de apoio, onde as mulheres se sintam à vontade para buscar a ajuda que necessitam, e onde cuidadores e profissionais de saúde estejam preparados para oferecer um suporte efetivo e empático. O acolhimento, a compreensão e a comunicação aberta são fundamentais para melhorar a qualidade de vida das mulheres que enfrentam essa difícil jornada.