Quem é ‘Azul’, membro da alta cúpula do PCC suspeito de envolvimento na morte de ex-delegado geral de São Paulo
Fernando Gonçalves dos Santos, conhecido como “Azul” ou “Colorido”, é uma figura proeminente na alta cúpula da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Recentemente, ele ganhou destaque na mídia devido à sua suposta ligação com o assassinato do ex-delegado-geral de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, ocorrido em Praia Grande, no litoral sul do estado.
Azul deixou o presídio de Mossoró, no Rio Grande do Norte, há aproximadamente um mês, após cumprir pena por crimes variados, incluindo roubo, receptação, tráfico de drogas e associação à organização criminosa. Ele foi condenado a 28 anos de prisão e, em 2019, transferido para presídios federais a pedido do Ministério Público de São Paulo, visando isolar líderes do PCC. Essa transferência foi uma estratégia para evitar a comunicação entre os membros da facção e impedir a continuidade de suas atividades criminosas de dentro do sistema prisional.
Investigação do assassinato de Ruy Ferraz Fontes
A Polícia de São Paulo está conduzindo uma investigação minuciosa sobre o envolvimento de Azul na emboscada que resultou na morte de Ruy Ferraz Fontes, um ex-delegado que teve um papel significativo no combate ao crime organizado. Fontes foi assassinado em uma ação que parece ter sido meticulosamente planejada, com a participação de pelo menos seis criminosos.
Fontes era conhecido por seu trabalho incisivo contra o PCC nos anos 2000, quando conduziu inquéritos que resultaram na condenação de vários membros da cúpula da facção. Após se aposentar, ele assumiu o cargo de secretário municipal de Administração em Praia Grande, onde continuou a ser uma figura polêmica devido a sua postura firme contra a criminalidade. As investigações indicam que sua morte pode estar relacionada tanto à sua atuação no passado quanto às suas ações recentes na administração municipal.
A emboscada e as circunstâncias do crime
O crime ocorreu em uma segunda-feira, quando Fontes foi cercado por assassinos que utilizaram dois carros roubados. Esses veículos foram vistos circulando pela Baixada Santista antes do assassinato, o que sugere um planejamento cuidadoso. Um dos carros envolvidos na perseguição foi recuperado pela polícia logo após a execução, enquanto o segundo veículo, que teria dado suporte à ação, foi encontrado abandonado no dia seguinte.
Durante a investigação, peritos conseguiram coletar impressões digitais e outros materiais que podem ajudar a identificar os autores do crime. De acordo com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, a ação foi “coordenada, planejada e com características táticas”. Os executores estavam equipados com coletes à prova de balas, toucas e luvas, evidenciando um alto nível de organização e preparação.
A relação de Azul com o PCC e seus impactos
Azul não é apenas um líder do PCC, mas também é tio de Allan de Morais Santos, conhecido como “príncipe do PCC”, que foi morto durante uma operação policial no ano passado. Essa relação familiar coloca Azul em uma posição complexa dentro da estrutura da facção, especialmente considerando que o PCC possui uma hierarquia rígida e laços familiares que frequentemente influenciam as dinâmicas de poder e as decisões dentro do grupo.
As autoridades acreditam que a célula do PCC responsável pelo assassinato de Fontes, apelidada de “restrita tática”, possui cerca de 25 integrantes treinados para executar operações de assassinato contra agentes de segurança. Esses indivíduos são capacitados no uso de explosivos e armamentos pesados, o que torna a facção uma ameaça significativa para a segurança pública.
Repercussão e implicações futuras
A morte de Ruy Ferraz Fontes gerou uma onda de preocupação entre as autoridades e a população, ressaltando a contínua luta contra o crime organizado no Brasil. A suspeita de que Azul esteja por trás deste assassinato destaca a ousadia do PCC e sua capacidade de agir mesmo com líderes encarcerados. A investigação em curso promete trazer à tona mais detalhes sobre as dinâmicas internas da facção e suas conexões com atividades criminosas na Baixada Santista e além.
À medida que as investigações avançam, a sociedade aguarda respostas sobre a segurança pública e o futuro do combate ao crime organizado no estado de São Paulo. O caso de Azul e sua suposta participação na morte de Fontes pode ser um divisor de águas na maneira como as autoridades abordam essas organizações criminosas, exigindo uma reavaliação das estratégias atuais de combate ao crime.